Atol de Ebeye nas Ilhas Marshall, uma das regiões que talvez não sobrevivam a um aquecimento maior do que 1,5° Celsius (Foto: NASA)

#NEWS

Aquecimento global pode ultrapassar 1,5°C em cinco anos, diz agência britânica

Eventos cíclicos naturais como o El Niño associados ao aumento constante de gases de efeito estufa podem impulsionar o aumento temperatura do planeta antes do esperado

31.01.2018 - Atualizado 11.03.2024 às 08:28 |

DO CLIMATE HOME – A agência meteorológica do Reino Unido alerta que a temperatura global pode ultrapassar 1,5° C nos próximos cinco anos e que é provável que ela exceda 1°C entre os anos de 2018-2022.

“Há também uma chance pequena (de cerca de 10%) de que pelo menos em um dos próximos anos exceda 1,5° C acima dos níveis pré-industriais”, conforme comunicado oficial divulgado nesta quarta-feira. É a primeira vez que  valores elevados são destacados nas previsões da Agência Meteorológica do Reino Unido (Met Office).

Os cientistas da agência foram rápidos em apontar que isso não violaria o Acordo de Paris, já que esse limite se refere a uma média de longo prazo, e a leitura anual é apenas um de seus componentes.

De acordo com o cientista-chefe da agência, o professor Stephen Belcher, “dado que vimos as temperaturas médias globais subirem em torno de 1°C acima dos níveis pré-industriais nos últimos três anos, é possível que o aquecimento de gases de efeito estufa avance juntamente com a variabilidade natural e que, combinados, excedam 1,5° C nos próximos cinco anos.”

O acordo climático de Paris, acordado por 197 Estados membros da ONU em 2015, estabeleceu o objetivo global de manter as temperaturas “bem abaixo dos 2°C”, mas também aspirou a manter o aquecimento em 1,5° C.

O objetivo de manter a temperatura da Terra abaixo do 1,5° C é importante especialmente aos países mais vulneráveis, como as nações localizadas em baixas altitudes, que podem ser tragicamente atingidas pelo aumento do nível do mar. Os cientistas especialistas em corais também preveem que mais de 1,5°C de aquecimento poderia significar a morte de boa parte dos recifes.

“Devemos lembrar que o Acordo de Paris é um pacto sobre o clima global, ao invés de apenas uma excursão temporária”, reforçou Doug Smith, do Met Office Hadley Center.

Um relatório preliminar preparado pelo órgão de ciência do clima da ONU sobre o 1,5° C revelou que a média global a longo prazo estava dando pistas de que ultrapassaria o limite inferior de Paris em meados desse século.

Eventos naturais e cíclicos, como El Niño, modificam a média da temperatura global. Assim, picos de temperatura  somados a uma tendência de aquecimento de longo prazo têm impulsionado as temperaturas globais para níveis recordes nos últimos anos.

O professor Adam Scaife, chefe de previsão de longo alcance no Met Office comentou que “o aumento gradual da temperatura pode coincidir com as variações temporárias, como o El Niño no Pacífico e levar a temperatura a valores maiores do que 1,5° C”. (KARL MATHIESEN)

Este texto foi publicado originalmente no site Climate Home e é reproduzido pelo OC numa parceria de conteúdo.

Related

Nossas iniciativas