Fotos: Marcos Vicente

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Forte enchente agrava crise no Acre

Emergência sanitária e crise humanitária são intensificadas pelo transbordamento de rios

22.02.2021 - Atualizado 11.03.2024 às 08:29 |

Do OC – O Acre vive uma das piores crises sanitárias das últimas décadas. Nos últimos dias, o excesso de chuva vem causando o transbordamento de rios, deixando cidades debaixo d´água (incluindo as duas maiores, Rio Branco e Cruzeiro do Sul), desalojando milhares de famílias e dificultando o enfrentamento de outras situações urgentes: o aumento de casos de covid-19, o combate à dengue e uma crise migratória.

“Esse é um exemplo de como situações não climáticas podem ser agravadas por eventos climáticos extremos”, explica o pesquisador José Marengo. A situação do estado, que há semanas já vinha tentando lidar com a lotação das UTIs e com casos de infecções simultâneas por coronavírus e dengue, se agravou nos últimos dias, quando o excesso de chuvas da região da bacia do Acre, que engloba Peru e Bolívia, levaram ao menos cinco rios a ultrapassarem a cota de transbordamento. Os alagamentos provocaram o fechamento de rodovias, a falta de suprimentos e levaram o governador Gladson Cameli (PP) a comparar o momento a uma guerra. “Com tudo o que está acontecendo, eu vou te dizer que vivemos uma terceira guerra mundial”, disse Cameli ao canal CNN.

De acordo com o meteorologista Francisco de Assis Diniz, chuvas mais intensas são comuns nesta época do ano na região, e os alagamentos não são novidade. O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) afirma que não é incomum que os rios ultrapassem as cotas de transbordamento durante o período de chuvas. A altura máxima do rio Acre em Rio Branco, por exemplo, já foi atingida pelo menos em treze ocasiões desde o início do monitoramento, em 1967. Neste ano, a cota máxima foi de 15,85m, número inferior ao recorde histórico de 2015, quando o rio atingiu a marca de 18,35 metros.

A previsão é de uma melhora do cenário climático somente na semana que vem, com uma redução na quantidade de precipitações e uma possível diminuição do nível dos rios, afirma Assis. No entanto, as marcas deixadas pelo evento climático extremo ainda devem deixar sequelas por muitos meses na região.

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