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Como foram feitas as estimativas de emissões

07.01.2015 - Atualizado 11.03.2024 às 08:25 |

Como

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ÂncoraComo foram feitas as estimativas de emissões

Estas estimativas abrangem as emissões de GEE no período de 1990 a 2012. Para o período 1990 a 2005 foram tomados como base os dados do 2º Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases do Efeito Estufa, publicado em 2010. Como os dados do inventário se concentram apenas nos anos de 1990, 1995, 2000 e 2005, foram realizadas estimativas para completar as séries históricas com todos os anos.

Para o período 2006 a 2012, as estimativas foram calculadas especificamente para este estudo.

As estimativas incluem as emissões de todos os gases previstos nos Inventários, porém com foco principal em dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), que respondem por mais de 99% das emissões em carbono equivalente (CO2e).

Estas estimativas tiveram como ponto de partida a metodologia de dois documentos principais: o Guia do IPCC 2006 para Inventários Nacionais de GEE e o 2º Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de GEE (2010).

Sem o 2º inventário de emissões e respectivos relatórios de referência não seria possível executar este estudo, pois a grande maioria dos fatores de emissão específicos foram calculados no processo de elaboração do inventário por equipes de dezenas de instituições e envolvendo centenas de pesquisadores e especialistas.

ÂncoraElaboração das estimativas passo a passo
O SEEG foi executado por cinco equipes de três instituições. Cada equipe passou pelos seguintes passos básicos:
1º. Revisão da Metodologia IPCC e do 2º Inventário, incluindo a leitura de todos os relatórios de referência preparados para o 2º inventário.
2º. Recomposição das tabelas de cálculo do 2º Inventário para compreender e testar a forma de aplicação dos fatores de emissão. No processo foram refeitas as planilhas e os sistemas de cálculo, usando os dados-base do 2º inventário, com o objetivo de replicar os dados de acordo com a descrição metodológica dos relatórios de referência.
3º. Levantamento de dados de atividade e de componentes de atualização para os fatores de emissão. O objetivo foi levantar as informações atualizadas, sempre que possível, junto às mesmas fontes do 2º inventário, desde que os dados estivessem disponíveis gratuitamente.
4º. Identificação de lacunas de dados e definição de formulas auxiliares de cálculo para preenchimento das lacunas. Onde faltaram os dados necessários para utilizar o fator de emissão no formato original, foram utilizados fatores de emissão auxiliares, geralmente por meio de análise de correlação de emissões e nível de atividade, tendo como base os dados do 2º inventário.
5º. Apresentação e validação da metodologia e dos dados, em três seminários técnicos, realizados com os especialistas e os técnicos das instituições-membros do Observatório do Clima, com objetivo de revisar as diferentes etapas do estudo.
6º. Revisão e análise da qualidade dos dados. Ao final, todos os dados foram avaliados segundo a qualidade dos fatores de emissão e dos dados de atividade utilizados. Foram identificados alguns pontos que devem se melhorados em futuros levantamentos. Neste primeiro ano de implantação do SEEG não foi possível, por exemplo, realizar a atividade de peer review (revisão de pares), o que deve acontecer a partir de 2014.
Para assegurar a possibilidade de repetição das estimativas calculadas por qualquer interessado, só foram utilizados dados obtidos de forma pública e gratuita, incluindo dados disponíveis através da internet ou em bibliotecas de acesso público.
As estimativas 2013 tratam apenas do nível nacional, contudo diversos testes de obtenção de informações com desagregação por estados foram realizados e os mais promissores serão desenvolvidos nos próximos anos. Com os dados disponíveis, já seria possível fazer a desagregação no caso de Agropecuária e Resíduos. Para os dados de Mudança de Uso do Solo e Processos Industriais ainda precisa ser desenvolvido um método auxiliar. E para energia é preciso interagir com a equipe do Balanço Energético Nacional (BEN) para avaliar as possiblidades de desagregação da informação. A desagregação por município, porém, demandaria outra metodologia e não se aplica a esta base de dados.

ÂncoraEscolhas Metodológicas

GWP ou GTP?

Existem duas abordagens para determinação do carbono equivalente: o GWP (Global Warming Potential) e o GTP (Global Temperature Change Potential). O primeiro considera a influência dos gases na alteração do balanço energético da Terra e, o segundo, a influência no aumento de temperatura. Ambos são medidos para um prazo de 100 anos, sendo mais comumente utilizado o GWP.

Por exemplo, 1 tonelada de metano (CH4) corresponde a 21 toneladas de carbono equivalente (CO2e) GWP ou 5 toneladas de CO2e GTP. A tabela abaixo mostra as equivalências para os gases de efeito estufa incluídos nas estimativas deste estudo.

Equivalência GWP e GTP

Gás GTP-100 GWP-100
CO2 1 1
CH4 5 21
N2O 270 310
HFC-125 1.113 2.800
HFC-134a 55 1.300
HFC-143a 4.288 3.800
HFC-152a 0 140
CF4 10.052 6.500
C2F6 22.468 9.200
SF6 40.935
23.900
Neste estudo, os dados são apresentados em CO2e GWP. Na base de dados disponível no portal do SEEG podem ser encontrados todos os dados também em CO2e GTP.

Emissões Brutas x Emissões Líquidas

As estimativas de emissões brutas de gases do efeito estufa não consideram a remoção de dióxido de carbono pelas mudanças de uso do solo, isto é, a quantidade de gases de carbono fixados pelo crescimento da vegetação. Quando há desconto das remoções, as estimativas são de emissões liquidas (emissões menos remoções).

O Guia do IPCC prevê a contabilização, para fins de inventário, das emissões e remoções antrópicas de gases de efeito estufa. No segundo inventário brasileiro, lançado em 2010, foram considerados como remoção antrópica os aumentos de estoques de carbono em florestas naturais quando localizadas em unidades de conservação ou terras indígenas. Esta remoção representou 92% dos totais contabilizados no inventário e nas estimativas de 2010, publicadas em 2012.

Na realidade, florestas não protegidas podem capturar CO2, se estiverem em processo de renovação natural, assim como florestas dentro de áreas protegidas podem emitir CO2, se estiverem em processo de degradação. Pelo enorme volume que pode representar – mais de 300 milhões de toneladas de CO2 ou 20% das emissões atuais – esta definição gera uma enorme distorção nos dados de emissões.

A partir de uma abordagem conservadora, a opção foi priorizar a divulgação dos dados SEEG 1990-2012 com emissões brutas. Assim, exceto quando especificamente citado, todos os dados aqui apresentados referem-se às emissões brutas de gases de efeito estufa. Na plataforma SEEG na internet estão disponíveis também as estimativas de remoção segundo o critério utilizado no 2º inventário brasileiro de emissões.

Nesta publicação também não foi incorporado o desconto pelos certificados de redução de emissões oriundos de projetos de Mecanismo do Desenvolvimento Limpo (MDL). Os totais, no Brasil, no período de 2005 a 2011, somam cerca de 75 milhões de toneladas de CO2e.

Emissões cross-setoriais

As emissões totais de gases do efeito estufa associadas a atividades industriais são computadas em três setores deste estudo SEEG: geração de energia, resíduos e processos industriais. A separação segue as diretrizes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para inventários nacionais. Com o objetivo de obter um retrato mais fiel e completo da representatividade de determinados setores da economia foi realizado um piloto de organização das informações das emissões para os setores industrial, agronegócio e transportes.

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