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Maior mobilização da história pressiona líderes mundiais por compromissos e ação imediata

Brasileiros no Rio de Janeiro, São Paulo e em outras cidades se unem a milhões de pessoas em mais de 160 países, chamando a atenção para a emergência climática. Brasil, 7º maior emissor mundial, precisa fazer a sua parte

07.01.2015 - Atualizado 11.03.2024 às 08:25 |

Brasileiros no Rio de Janeiro, São Paulo e em outras cidades se unem a milhões de pessoas em mais de 160 países, chamando a atenção para a emergência climática. Brasil, 7º maior emissor mundial, precisa fazer a sua parte

OC, 20/09/2014
Bruno Toledo

Na próxima terça, mais de 120 lideranças globais se reunirão em Nova York para a Cúpula do Clima, convocada pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, para discutir o futuro dos esforços globais no enfrentamento das mudanças climáticas. A expectativa da ONU é de que o encontro sirva como catalisador para os governos assumirem compromissos efetivos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa em todo o planeta.

Para pressionar estas lideranças rumo à ação climática imediata, organizações da sociedade civil internacional preparam neste final de semana a maior mobilização climática popular da história. Em Nova York, a Mobilização Climática dos Povos (People’s Climate March) deve reunir mais de 100 mil pessoas nas ruas da cidade no domingo. Além das manifestações na metrópole norte-americana, esses grupos também estão programando mais de 2.700 eventos em pelo menos 160 países entre este sábado e a próxima segunda.

A demanda das ruas neste final de semana é clara: ações, não palavras – precisamos tomar as atitudes necessárias para criar um mundo com uma economia que funcione para as pessoas e para o planeta, e precisamos fazer isso agora.

No Brasil, a Avaaz e a 350.org organizam neste domingo grandes caminhadas pelo clima em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo . No Rio, a marcha partirá do Posto 8 da praia de Ipanema a partir das 10h30. Já na capital paulista, a mobilização começará às 13h no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (MASP). No site da Mobilização Climática dos Povos, eventos de menor porte estão previstos em outras cidades brasileiras.

A mobilização no Brasil é particularmente importante. De acordo com a ONU, a presidente Dilma Rousseff confirmou presença no encontro da próxima terça, mas isso ainda não foi confirmado pela Presidência da República. A participação brasileira nesta discussão é fundamental, tanto pela liderança política em clima que o Brasil conquistou nos últimos 10 anos, por causa da diminuição considerável de suas emissões de gases de efeito estufa associadas à desmatamento, como também pela responsabilidade que o país possui no inventário global de emissões – o Brasil é hoje o 7º maior emissor do planeta, com emissões crescendo em setores estratégicos como energia, transporte, processos industriais, agropecuária e resíduos sólidos. E depois de anos em queda, a taxa anual de destruição da Amazônia aumentou 29%.

Dada a urgência da questão climática, o Brasil precisa fazer a sua parte e reduzir efetivamente suas emissões, assumindo compromissos de redução consonantes com sua responsabilidade e sua capacidade real. A ambição não pode mais ser medida em comparação com os compromissos e ações dos demais países; ela precisa estar alinhada à realidade das nossas emissões e da nossa responsabilidade e ao compromisso assumido por todos os países, inclusive o Brasil, de limitar o aquecimento global a 2 graus Celsius.

Por isso, e em sintonia com as demandas da sociedade civil presente nas ruas do Brasil neste fim de semana, o Observatório do Clima defende que a presidente Dilma Rousseff participe da Cúpula em NY e anuncie ao mundo que o Brasil fará a sua parte, independente dos compromissos assumidos por outros países. Essa demanda foi apresentada diretamente à Presidência da República em carta protocolada junto à Casa Civil, em parceria com o Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMS) – carta a qual a presidente ainda não respondeu.

“Nossa parte na luta contra as mudanças climáticas é clara: precisamos chegar a 2030 com emissões bastante inferiores às atuais”, afirma Carlos Rittl, secretário executivo do Observatório do Clima. Recentemente, o Observatório do Clima, no âmbito da consulta aberta do Ministério de Relações Exteriores à sociedade civil para construção das chamadas “Contribuições Nacionalmente Determinadas” (que orientarão a ONU na definição desses compromissos nacionais no acordo), submeteu considerações sobre os compromissos brasileiros no futuro regime climático global. Na visão do OC, a meta brasileira para o pós-2020 deve resultar em um limite de emissões significativamente menor do que o 1 bilhão de toneladas de dióxido de carbono equivalente (GtCO2e) por ano em 2030 (hoje emitimos em torno de 1,3 bilhões de toneladas de CO2e por ano).

Neste domingo, milhares de brasileiros e  milhões de pessoas em todos o mundo levantam-se  em chamado uníssono a todos os governantes, em especial aos dos maiores emissores de gases de efeito estufa, como o Brasil: ‘vocês estão levando o mundo para o rumo do caos climático. É sua responsabilidade de, juntos, resolver este problema’. “O Observatório do Clima espera que a Presidenta Dilma vá a Nova York e assegure a todos que o Brasil vai, sim, fazer sua parte e assumir compromissos ambiciosos de redução de suas emissões futuras. É o que a sociedade brasileira espera, é o que o mundo precisa”, concluiu Rittl.

Fotos: AVAAZ

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