(Reprodução/Casa Branca - setembro de 2015)

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EUA e China lançam declaração para conferência do clima de 2015

Os dois maiores emissores globais reforçam compromisso de financiar países pobres em mitigação e adaptação a mudanças climáticas e cobram ambição no acordo do clima

25.09.2015 - Atualizado 11.03.2024 às 08:27 |

CÍNTYA FEITOSA (OC)

Os dois países líderes em emissões de gases de efeito estufa lançaram nesta sexta-feira (25) um posicionamento conjunto para a Conferência do Clima de Paris. Na declaração, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o presidente chinês, Xi Jinping, reafirmaram a importância de um acordo climático ambicioso e reconheceram o seu papel no financiamento e cooperação com países mais pobres, para políticas de redução de emissões de gases de efeito estufa e também de adaptação aos efeitos do aquecimento global. O compromisso de hoje reforça o acordo entre China e os EUA firmado em 2014.

A China se comprometeu a destinar US$ 3,1 bilhões ao financiamento de ações em mudanças climáticas, o maior valor que já anunciou até hoje. No encontro com Obama, Xi Jinping também noticiou o lançamento do cap and trade na China em 2017 – mecanismo de imposição de custos às emissões de carbono –, mas este anúncio ficou fora do texto conjunto dos países.

O documento reforça as políticas internas de China e Estados Unidos para reduzir emissões no setor de energia e o compromisso financeiro de contribuir e cobrar dos países desenvolvidos os recursos para o Fundo Verde do Clima, ressaltando a necessidade de mobilizar US$ 100 bilhões por ano até 2020 para financiamento de ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, como acordado em 2009.

Os dois presidentes também demonstraram preocupação com políticas de adaptação, até agora pouco presentes nas negociações para a Conferência do Clima. “O acordo de Paris deveria atribuir maior importância e visibilidade à adaptação, reconhecendo como um componente essencial da resposta global de longo prazo para as mudanças climáticas”, diz o texto.

As organizações da sociedade civil em todo o mundo acreditam que o posicionamento conjunto dos dois países poderá impulsionar o acordo de Paris. Li Shuo, analista de clima do Greenpeace na Ásia, afirmou que a declaração conjunta sobre financiamento é uma mudança de paradigma. “Este é um aumento drástico em relação aos compromissos anteriores da China”, diz.

Para Li, o posicionamento chinês deve impulsionar as ações políticas dos Estados Unidos. “A destinação de US$ 3,1 bilhões poderia até superar o compromisso dos Estados Unidos para o Fundo Verde do Clima, que ainda enfrenta uma batalha significativa no Congresso dos EUA.”

Rhea Suh, presidente do Natural Resources Defense Council, afirma que os Estados Unidos não poderão mais usar como argumento a falta de atuação chinesa em reduzir as emissões. “É um sinal poderoso de que a China vai se juntar a outros países na luta global contra esta ameaça mundial.”

Ele reforçou o simbolismo de uma concordância entre China e Estados Unidos, que frequentemente não se alinham em outros temas. “Se os EUA e China podem concordar com a urgência do combate às mudanças climáticas, o mundo pode considerar possível fazer um negócio bem sucedido em Paris.”

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