Poluição em São Paulo (Foto: Marcos Santos/USP Imagens)

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Limite dos 400 ppm foi ultrapassado “por várias gerações”, diz ONU

24.10.2016 - Atualizado 11.03.2024 às 08:27 |

DO OC

Agora é oficial. A concentração de gás carbônico na atmosfera da Terra ultrapassou 400 ppm (partes por milhão) em 2015 e em 2016 ela deverá ficar acima dessa marca o ano inteiro pela primeira vez. A sentença vem da Organização Meteorológica Mundial, órgão da ONU que nesta segunda-feira divulgou seu balanço anual de gases-estufa.

Segundo a OMM, os níveis de CO2 já haviam atingido a marca simbólica de 400 ppm em alguns lugares e em alguns períodos do ano. No observatório do Mauna Loa, no Havaí, onde essas medições sistemáticas começaram a ser feitas, em 1958, a marca foi superada (brevemente) pela primeira vez em 2012.

Os cientistas já sabiam que era questão de tempo até que todas as estações do mundo que medem gases-estufa na atmosfera (duas delas no Brasil) registrassem 400 ppm no fim do ano. Isso ocorreu no final de 2015. No Mauna Loa, o nível de gás carbônico não caiu abaixo de 400 ppm em nenhum momento de 2016.

O teor de CO2 na atmosfera varia ao longo do ano. No outono do hemisfério Norte ele chega aos valores máximos, devido à queda das folhas das árvores nas florestas temperadas (isso faz diferença porque a maior parte das terras emersas do globo e, portanto, das florestas, está naquele hemisfério). Na primavera, fica no mínimo, por causa do carbono sequestrado pela rebrota.

Com as emissões crescentes de gases de efeito estufa pela humanidade, porém, o CO2 no ar vem crescendo continuamente. No ano passado, essa concentração foi 44% maior do que na era pré-industrial, quando o valor máximo jamais ultrapassou 280 ppm.

“As concentrações ficarão acima de 400 ppm por todo o ano de 2016 e não cairão abaixo desse nível por muitas gerações”, afirmou a OMM em comunicado à imprensa.

O novo provável recorde de 2016 foi ocasionado pelo El Niño, que, ao esquentar a superfície da terra e dos oceanos, diminui a capacidade dos ecossistemas de absorver o carbono emitido em excesso pela humanidade. No entanto, ele não teria acontecido na ausência de uma forte tendência subjacente de aquecimento global. “O El Niño já desapareceu. A mudança climática não”, disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.

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