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Etiópia mostra o caminho da descarbonização com proposta ambiciosa para Paris

Leia nota do Observatório do Clima sobre compromisso submetido pelo país africano às Nações Unidas

10.06.2015 - Atualizado 11.03.2024 às 08:26 |

A Etiópia, um dos países menos desenvolvidos do mundo, submeteu nesta quarta-feira às Nações Unidas sua proposta para o acordo de Paris. A chamada INDC (Contribuição Nacionalmente Determinada Pretendida) etíope prevê uma redução de 64% das emissões em relação ao que seria emitido em 2030 se nada fosse feito. A projeção é que o país africano, que hoje emite 150 milhões de toneladas de CO2 por ano (10% do que emite o Brasil), fosse chegar a 400 milhões na ausência de novas políticas. Com a INDC, ele se compromete a chegar a 145 milhões de toneladas – na prática, uma pequena redução absoluta de emissões em relação aos níveis atuais.

Os cortes serão aplicados a toda a economia e sua “implementação completa”, segundo o governo etíope, está condicionada ao provimento de financiamento adequado, transferência de tecnologia e capacitação pelos países desenvolvidos. Entre as medidas propostas para atingir a meta está a implantação de medidas de agricultura de baixo carbono e a expansão de sua matriz energética com renováveis, fazendo o chamado “leapfrogging” de tecnologias – quando se disseminam novas tecnologias sem passar por tecnologias menos eficientes em uso hoje nos países desenvolvidos. Também reafirmou sua intenção de se tornar um país neutro em carbono no longo prazo, embora não tenha especificado quando.

“A Etiópia está mostrando que ambição no clima não depende de PIB. Um país que emite pouco hoje está se comprometendo a emitir menos ainda em 2030 e a perseguir a neutralidade de carbono depois disso, porque entendeu que não há outra forma possível de desenvolvimento neste século que não seja o de baixo carbono”, disse Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima. “O exemplo etíope e o de outros países africanos, como o Gabão e o Marrocos, compele os países ricos a providenciar financiamento, tecnologia e capacitação adequados, e deveria inspirá-los a aumentar o nível de ambição das próprias propostas. Para o Brasil, que tem hesitado a liderar o mundo em desenvolvimento na transição para uma economia limpa, fica a lição da África.”

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