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Tempo maluco afeta a economia, diz estudo

Pesquisa aponta que 1ºC de variação fora do padrão na temperatura diária pode reduzir a taxa de crescimento econômico em até 5%

09.02.2021 - Atualizado 11.03.2024 às 08:29 |

DO OC – O aumento gradual da temperatura média da Terra está deixando os termômetros cada vez mais imprevisíveis no mundo todo – e essas variações diárias no tempo atrapalham o crescimento da economia. A conclusão é de um estudo publicado nesta semana na revista Nature Climate Change, que relacionou as mudanças diárias de temperaturas ao longo dos últimos 40 anos com dados econômicos de mais de 1.500 regiões em todo o mundo.

“Pela primeira vez mostramos que o comportamento errático do clima (variações diárias e imprevisíveis de temperatura), é um forte determinante do sucesso econômico de um país. Se a temperatura sai 1ºC do padrão, por exemplo, o impacto econômico já pode ser sentido”, explica o principal autor do estudo,

O estudo olha um aspecto do custo da mudança do clima que não costuma integrar as análises econômicas tradicionais. Estas são focadas nas mudanças de longo prazo e de grandes eventos extremos, como furacões e secas. O que o grupo do PIK mostrou foi que as chateações meteorológicas cotidianas num mundo mais quente também pesam no bolso.

Para chegar a esses resultados, os pesquisadores analisaram a variabilidade diária da temperatura entre 1979 e 2018 em centenas de regiões e compararam com dados econômicos regionais correspondentes, somando um total de 29 mil registros. “A variabilidade rápida da temperatura é algo completamente diferente das mudanças de longo prazo”, explica o co-autor Anders Levermann, da PIK e da Columbia University, de Nova York. De acordo com os pesquisadores, as variações médias de temperatura do dia-a-dia mudaram em aproximadamente 0,2ºC de um ano para o outro ao longo das últimas quatro décadas, o que representa um impacto médio anual de 1% na economia mundial.

“O verdadeiro problema causado pela mudança errática do clima são os impactos inesperados, porque é mais difícil de se adaptar a eles. Agricultores e grandes empresas estão se tornando resilientes ao aumento gradual das temperaturas, mas e se o tempo simplesmente se torna mais irregular e imprevisível? Os formuladores de políticas púbicas e a indústria precisam levar isso em consideração ao discutir o custo real das mudanças climáticas.”

A pesquisa mostra que as áreas mais vulneráveis a essas variações são aquelas de baixa renda e na região sul do planeta, já que países como Canadá e Rússia, onde os termômetros têm variações médias mensais de mais de 40ºC, estão melhor preparados para lidar com a flutuações diárias do clima. Os setores mais afetados pelos desvios das expectativas sazonais são a agricultura, saúde e indústria.

“As nações com menor renda per capita são também mais fortemente afetadas pelas variações de temperatura porque não possuem estrutura para mitigar os impactos climáticos. Notamos que países da América Latina, incluindo o Brasil, são alguns dos que mais sofrem com essas flutuações nos termômetros”, conclui Kotz.

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