Enchente na Austrália (Foto: Chris Gallagher/Unsplash)

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Risco para humanidade pode ser reduzido em até 85% se Acordo de Paris for cumprido

Estudo calculou a exposição humana a eventos extremos em diferentes cenários de aquecimento

30.06.2022 - Atualizado 11.03.2024 às 08:30 |

DO OC – Um estudo publicado na última quarta-feira (29) na revista Climatic Change mostrou que limitar o aquecimento global a 1,5°C, conforme previsto no Acordo de Paris, reduziria os riscos para seres humanos em até 85%. Os pesquisadores da University of East Anglia, no Reino Unido, utilizaram modelos computacionais para calcular o grau de exposição humana a uma série de eventos como escassez de água, secas e calor extremos nos diferentes cenários de aquecimento projetados no último relatório do IPCC.

Os efeitos sobre os rendimentos agrícolas e a economia também foram avaliados. De acordo a publicação, que teve participação de pesquisadores da Universidade Bristol e da Agência de Avaliação Ambiental da Holanda (PBL), os riscos seriam reduzidos em até 44% globalmente se o aquecimento for reduzido para 1,5°C em vez de 2°C. Nos dois cenários mais otimistas do IPCC, seria possível limitar o aquecimento em 1,4° ou 2° até o final do século. Nos mais pessimistas, os termômetros podem subir de 3,6° até 4,4°.

De acordo com o estudo, considerando a projeção de 3,6°C, os riscos seriam reduzidos em até 74% se o aumento de temperatura fosse limitado em apenas 2°C. E diminuiriam ainda mais, em até 85% se o aquecimento puder ser limitado a apenas 1,5°C. Foram cinco fatores avaliados: mudanças na exposição à escassez de água e estresse por calor, doenças transmitidas por vetores, inundações costeiras e fluviais e impactos projetados na agricultura e na economia. Segundo os autores, em termos percentuais, o risco evitado é maior para inundações de rios, seca e estresse térmico. Em termos absolutos, para a seca.

Os autores também traçaram os possíveis impactos das principais ameaças. A exposição à malária e dengue, por exemplo, seria reduzida em 10% se o aquecimento fosse mantido em 1,5°C. Com este mesmo grau de aquecimento, de 41 a 88 milhões de pessoas estariam em risco por ano por causa de inundações costeiras – cenário associado a um aumento do nível do mar de 0,24 a 0,56 metros. O número subiria para 41 a 95 milhões de ameaçados no caso do aumento da temperatura em 2ºC, o que resultaria no aumento do mar entre 0,27 e 0,64 metros. Os modelos computacionais utilizados na pesquisa mostraram, ainda, que os impactos econômicos globais das mudanças climáticas são 20% menores quando o aquecimento é limitado a 1,5°C em vez de 2°C. O valor líquido dos danos seria reduzido de U$ 61 trilhões para U$ 39 trilhões.

De acordo com o IPCC, a humanidade precisa reduzir suas emissões em 43% até 2030 se quiser ter mais de 50% de chance de cumprir o objetivo mais ambicioso do Acordo de Paris. Isso significa cortar 7,6% as emissões globais todos os anos entre 2020 e 2030. No entanto, as promessas dos países ainda estão bem longe de serem suficientes, e mais distante ainda de se tornarem ações concretas. Para a principal autora do estudo, Rachel Warren, University of East Anglia, as descobertas são importantes porque “atualmente, as políticas resultariam em um aquecimento médio de 2,7°C, enquanto as Contribuições Nacionalmente Determinadas(NDC) para 2030 limitariam o aquecimento a 2,1°C.”

Ainda de acordo com a pesquisadora, “embora haja uma série de ações adicionais planejadas para reduzir ainda mais as emissões, potencialmente mantendo o aquecimento a 1,8°C no caso mais otimista, elas precisariam ser implementadas urgentemente e somadas a outras ações adicionais para limitar o aquecimento a 1,5°C”.[:]

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