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Brasil pode limitar as emissões a 1 bilhão de toneladas – e lucrar

02.09.2015 - Atualizado 11.03.2024 às 08:26 |

Bonn, 02 de setembro de 2015 – O Observatório do Clima lançou nesta quarta-feira em Bonn uma proposta pela qual o Brasil pode limitar as suas emissões de gases de efeito estufa a 1 bilhão de toneladas de dióxido de carbono equivalente em 2030. O documento sugere a neutralidade de carbono em longo prazo para o Brasil e outros países em 2050, reduzindo assim o risco de mudanças climáticas graves.

O Brasil, sétimo emissor de gases de efeito estufa do mundo, ainda tem de apresentar a sua meta de redução de emissões (INDC) para a conferência de Paris. A presidente Dilma Rousseff deu um sinal político positivo em agosto, comprometendo-se com a descarbonização da economia global até o final deste século.

“A proposta de descarbonização feita pela presidente é um sinal animador, mas nós acreditamos que a descarbonização precisa ser alcançada muito antes”, afirmou Viviane Romeiro, do WRI Brasil. A NDC do Observatório do Clima – a primeira já proposta pela sociedade civil – mostra como o Brasil pode fazer a sua contribuição justa, revertendo sua trajetória de emissões atuais e criando empregos e oportunidades econômicas no processo.

Uma equipe de especialistas das organizações integrantes do OC estudou a curva de emissões do Brasil e indicou as políticas e medidas que podem permitir que o país sul-americano atinja a meta justa e ambiciosa de 1 bilhão de toneladas cortando as emissões em três setores-chave da economia: agricultura, mudança no uso da terra e energia. Juntas, essas medidas podem efetuar uma redução de 35% nas emissões de gases de efeito estufa em relação aos níveis de 2010 (1.545 GtCO2e, não incluindo florestas em terras indígenas e áreas protegidas).
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Entre essas medidas estão o fim do desmatamento até 2030, em consonância com as disposições da Declaração de Nova York sobre Florestas; restauração de pelo menos 14 milhões de hectares de florestas nativas; aumento de energias renováveis não-hidrelétricas na geração de energia de 12% para 40%; vasta expansão do uso de biocombustíveis, alcançando 80 bilhões de litros de produção de etanol; e restauração de 18 milhões de hectares de pastagens degrada. Essas medidas propostas incrementariam tecnologias que já são bem difundidas no Brasil, ou impulsionariam setores nos quais o Brasil tem vantagens competitivas.

“Nós temos alto grau de confiança em que a meta que estamos propondo reflete a contribuição justa do Brasil aos esforços globais, em que ela é cientificamente necessária e economicamente viável”, afirmou Mark Lutes, analista-sênior de clima do WWF.

Segundo Romeiro, a proposta do OC também deixa uma mensagem para as organizações da sociedade civil dos países desenvolvidos, que têm maior responsabilidade pela crise climática. “A sociedade civil deveria fornecer a base para a INDC ideal para esses países. Vários países já submeteram suas INDCs, mas nós sabemos que o nível de ambição delas ainda não é suficiente para atingir a meta global recomendada pela ciência.”

Veja a proposta do Observatório do Clima
Veja a nota técnica

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