Castanheira derrubada queima em Castelo dos Sonhos, Pará (Foto: Claudio Angelo/OC)

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Desmatamento e queimadas em agosto expõem herança maldita de Bolsonaro

Alertas de devastação crescem 81% no mês; área queimada foi a 2ª maior em uma década e número de focos de fogo é o maior desde 2010

09.09.2022 - Atualizado 11.03.2024 às 08:30 |

A área de alertas de desmatamento na Amazônia cresceu 81% em agosto em relação ao mesmo mês do ano passado. Com 1.661 km2 de devastação registrados pelo sistema Deter-B, do Inpe, foi o segundo pior agosto da série histórica, quase empatado com 2019, primeiro ano de mandato de Jair Bolsonaro (PL), que registrou 1.714 km2.

Como o desmatamento na Amazônia é medido pelo Inpe de agosto de um ano a julho do ano seguinte, a série de dados de 2023 começa já com alta. A conta será do próximo Presidente da República. A persistir a tendência, ele herdará de Bolsonaro um semestre de descontrole e terá problemas sérios para reduzir o desmatamento no primeiro ano de mandato.

O desmatamento no Cerrado no mês também ficou quase empatado com o ano passado (oscilou 3,5% para cima, com 409 km2). É o segundo maior da série histórica iniciada em 2018.

Aos números de desmatamento somam-se os de queimadas, que voltaram a assolar a região amazônica com força no mês passado. O número de focos registrados pelo Inpe em agosto (33.116) foi 7% maior do que no mesmo mês de 2019 – quando o infame episódio do “Dia do Fogo” botou o Brasil no centro de uma crise internacional. A área queimada no mês foi de 24.066 km2, um aumento de 30% em relação ao ano passado e a segunda maior desde a seca recorde de 2010 (perdendo apenas para 2019, primeiro ano de mandato de Bolsonaro).

No mês de setembro, o número de focos de queimada detectados pelo Inpe em apenas oito dias já é 21% maior do que o de todo o mês de setembro do ano passado. Como mostrou o OC, o Ibama executou até 5 de setembro apenas 37% do orçamento disponível para prevenção e controle de fogo.

O avanço da estação seca, o chamado “verão” amazônico, após um primeiro quadrimestre de muita chuva, está dando aos desmatadores a oportunidade de queimar a floresta derrubada no ano passado, quando a região viu a maior taxa de desmate em 15 anos.

A taxa oficial de desmatamento, dada pelo sistema Prodes, do Inpe, só deverá ser conhecida no final do ano. Mas as medições do Deter de agosto a julho mostraram números muito semelhantes aos do ano passado, o que indica ser provável uma taxa maior do que 10.000 km2 em 2022.

“Bolsonaro pode sair do governo, mas deixa de herança para seu sucessor uma crise ambiental na Amazônia como não se via desde os anos 1990 e uma crise social sem precedentes. O crime organizado dominou a região, e a liberação de armas para civis torna muito mais perigosa a tarefa de retomar a fiscalização e o controle do desmatamento”, disse Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima. “Isso vai demandar ação determinada e planos muito concretos, mas até agora os candidatos à sucessão de Bolsonaro têm falado muito pouco sobre como pretendem retomar o controle da região, que abarca metade do território nacional.”

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