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A ciência do clima e os impactos das mudanças climáticas para o Brasil

Acorda, Brasil. Eis a mensagem da ciência - e do clima atual​

07.01.2015 - Atualizado 11.03.2024 às 08:25 |
Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima
Publicado originalmente no portal do jornal O Estado de São Paulo (31/04/2014)
Acorda, Brasil. Eis a mensagem da ciência – e do clima atual​

Encerrou-se na manhã desta segunda-feira, 31, em Yokohama, no Japão, a reunião do Painel Governamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) que aprovou o 2.º volume do conjunto de documentos que compõem o seu 5.º Relatório de Avaliação que trata dos impactos presentes e futuros das mudanças climáticas para todas as regiões do planeta. A mensagem dos cientistas é clara: os impactos observados hoje são grandes e a situação pode ficar muito pior, chegando a impactos irreversíveis. E todos nós não estamos preparados para esse cenário.

Já passou a hora de darmos atenção ao que os cientistas estão dizendo. O cenário é crítico, alarmante. Mas se alguém ainda ousa ignorar os cientistas do clima, não vai conseguir tapar o sol – ou a seca, a chuva, a tempestade – com a peneira da irresponsabilidade.

O clima do planeta e de todas as regiões está mudando. Vamos considerar apenas alguns exemplos do que aconteceu no Brasil do final de 2013 até agora: seca no semiárido do Nordeste; enchentes no Espírito Santo em Minas Gerais; escassez de chuvas e água no Sudeste; enchentes em Rondônia, Acre e Amazonas.

Embora este relatório não trate de cenários específicos para cada país, traz informações importantes sobre o que já vem mudando no clima regional e o que pode acontecer em cada continente. O Brasil deve se preparar, como qualquer país, para mais eventos climáticos, cada vez mais extremos. Tudo o que observamos hoje – falta ou excesso de chuva, impactos na agricultura e saúde, perdas econômicas bilionárias – pode ser apenas uma amostra bem pequena do que vem por aí. E, na média, podemos esperar menos chuva em algumas regiões, como o já castigado semiárido, e aumento do índice anual de chuvas em outras, como o Sudeste e Sul do País. E a degradação ambiental, como o desmatamento, agrava ainda mais o panorama e os impactos. No melhor dos cenários, se não fizermos nada, podemos ver muitas pessoas perdendo seus bens, suas vidas, e imensos prejuízos para a economia local, regional e do país.

Em ano de eleição, é, portanto, melhor que os candidatos à Presidência começarem a entender que mudança climática não um problema longínquo e que não afeta o Brasil. É o maior desafio ao desenvolvimento das nações neste século. E, como tal, cada candidato à Presidência do País tem a obrigação de mostrar à sociedade como pretende enfrentar este desafio. E só há um caminho: preparando o País, cada região e setor de nossa economia, para se adaptar a um clima mais difícil, para conviver com mais e mais extremos. Mas também para investir em um modelo de desenvolvimento que reduza emissões de gases de efeito estufa. Somos ainda um dos maiores poluidores do mundo. E hoje nossos grandes programas e planos de desenvolvimento – PAC, energia, agricultura e pecuária, indústria, quase que ignoram o fato de sermos muito poluidores e muito vulneráveis. Acorda, Brasil. Eis a mensagem da ciência – e do clima atual.

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