Protesto contra o greenwashing em Glasgow, Escócia, durante a COP26 (Foto: Felipe Werneck/OC)

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Multinacionais falham em seus compromissos climáticos, diz relatório

De acordo com a análise, Amazon, Google e outras empresas globais estão praticando greenwashing ao distorcer dados para anunciar falsos dados de reduções de gases de efeito estufa

10.02.2022 - Atualizado 11.03.2024 às 08:30 |

DO OC – Amazon, Nestlé, Google e outras multinacionais não estão cumprindo suas próprias metas de combate às mudanças climáticas e, fazendo greenwashing,  estão divulgando dados exagerados ou distorcidos sobre seus progressos na redução de emissões de gases de efeito estufa. A conclusão é do relatório Corporate Climate Responsibility Monitor, publicado nesta semana pelas organizações não-governamentais The New Climate Institute e Carbon Market Watch.

De acordo com o estudo, que analisou 25 empresas globais, os compromissos climáticos de “zerar emissões líquidas” correspondem, na verdade, a projetos de redução de gases média de apenas 40% – muitas vezes “a décadas de distância” – e não de 100%. Os autores apontaram ainda que muitas alegações de neutralidade climática reivindicadas como concretizadas pelas multinacionais referem-se na realidade a futuras reduções de emissões, e que, para distorcer dados, as empresas recorreram a estratégias típicas de greenwashing, como distorção ou omissão de dados.

Para chegar a essas conclusões, o relatório avaliou, através de um conjunto de indicadores qualitativos e quantitativos, os compromissos climáticos das multinacionais e classificou o grau de “integridade” de cada uma delas por meio de critérios de transparência e confiabilidade. Esses compromissos haviam, em sua maioria, sido chancelados pela Science-Based Targets Initiative (SBTi) como compatíveis com o objetivo do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura global a 1.5°C ou abaixo dos 2°C com relação aos níveis pré-industriais. A SBTi é uma iniciativa composta por um grupo de trabalho de várias organizações sem fins lucrativos que busca alinhar os compromissos corporativos com a ciência do clima. O Corporate Climate Responsibility Monitor, no entanto, encontrou um cenário bem diferente.

Amazon, Google e Volkswagen estavam entre as grandes empresas classificadas com “baixa integridade” na meta de zerar emissões, enquanto Unilever, Nestlé e BMW Group “tiveram integridade muito baixa”. Nenhuma das principais multinacionais apresentou alta integridade. A Maesrk, empresa dinamarquesa de transporte de mercadorias, saiu no topo com “integridade razoável”, segundo o relatório, seguida pela Apple, Sony e Vodafone com “integridade moderada”.

De acordo com os autores do relatório, parte do problema é como essas empresas avaliam as suas emissões. Oito delas, por exemplo, excluem as chamadas emissões upstream e downstream na sua cadeia de valor, que são por atividades indiretamente ligadas às suas operações e correspondem a mais de 90% do carbono que as empresas produzem.

“Apenas 3 das 25 empresas (Maersk, Vodafone e Deutsche Telekom) claramente comprometeram-se com a descarbonização profunda de mais de 90% de suas emissões em toda a cadeia de valor”, apontou o documento.

“Os anúncios enganosos das empresas têm impactos reais nos consumidores e formuladores de políticas. Somos enganados ao acreditar que essas empresas estão tomando medidas suficientes quando a realidade está longe disso”, afirmou em comunicado Gilles Dufrasne, do Carbon Market Watch, um dos colaboradores do relatório.

Após a divulgação do documento, diversas empresas avaliadas emitiram notas defendendo seus compromissos climáticos e alegando imprecisões no relatório.[:]

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