Da esq. para a dir.: Arlete Salles, Alessandra Negrini, Rappin Hood, Susana Vieira, Maria Paula, Christiane Torloni, Luís Fernando Guimarães, Maria Gadú e Victor Fasano em ato contra o fim da Renca (Foto: Cristiano Costa/Greenpeace)

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O clima da semana: promessa é dúvida

15.09.2017 - Atualizado 11.03.2024 às 08:28 |

Nesta semana, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), teve seu dia de artista. Só que não foi bem do jeito como ele imaginava. Na terça-feira, Maia recebeu em seu gabinete uma dezena de pesos-pesados do showbiz, como Christiane Torloni, Susana Vieira e Alessandra Negrini. Além de receber uma dura pela maneira como o governo e o Congresso estão tratando o meio ambiente e os povos indígenas, o deputado ainda teve revelado para o mundo um apelido que ele provavelmente preferiria manter no círculo íntimo: “Bochecha”.

Sob pressão dos artistas e diante da imprensa, “Bochecha” fez uma confissão e uma promessa. Disse que era pessoalmente contra o notório decreto presidencial de 24 de agosto que extinguiu a Renca (Reserva Nacional de Cobre e Associados), que tentaria convencer Michel Temer a cancelá-lo e que o governo precisava “saber perder”. E prometeu que não pautaria o licenciamento ambiental no plenário sem que houvesse “acordo” a respeito do projeto.

As palavras de Maia/Bochecha podem voltar para assombrá-lo em breve. Apenas 24 horas depois da promessa, o polêmico projeto de lei geral do licenciamento foi retirado de pauta de uma comissão da Câmara para ser encaminhado justamente ao plenário – num acordo entre ruralistas, indústria e governo avalizado pelo ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho (PV-MA). Pelo acordo, a bancada ruralista abriria mão de seu projeto de “licenciamento flex”, que criava uma situação de libera geral para os empreendimentos, em favor de uma versão bastante piorada do texto defendido pelo Ministério do Meio Ambiente. O projeto, ainda segundo o combinado, seria votado sem destaques na Câmara.

Só se esqueceram de combinar com os russos. A ala xiita da bancada ruralista, por um lado, não abrirá mão de fazer emendas ao texto. Por outro, os ambientalistas temem que a condução do projeto a plenário acabe dando aos ruralistas mais um instrumento de barganha a ser usado com Michel Temer em troca de safá-lo da segunda denúncia de Rodrigo Janot. Neste caso, o licenciamento poderá ser sacrificado por um punhado de votos, algo de que Temer já se mostrou capaz.

Perigo: inflamável

Um estudo da Universidade Federal de Viçosa sugere que as emissões de carbono podem aumentar até 90% na Amazônia neste século no pior cenário de aquecimento global. Isso porque as altas temperaturas e a mudança no padrão de chuvas estão tornando a floresta mais inflamável. Hoje áreas de mata consideradas no passado “inqueimáveis” já secam o bastante a ponto de sofrer incêndios extensos. Leia a nota do Ipam a respeito do novo estudo. Em tempo: a temporada de queimadas na região está a todo vapor neste ano.

Faz zum-zum e café

O aquecimento global pode reduzir em até 88% a área propícia às plantações de café na América Latina, principal região produtora do pilar central da civilização de uma das bebidas mais populares do mundo. A boa notícia é que as abelhas, principais polinizadores do café, são um pouco mais resistentes. Se não morrerem todas da síndrome de colapso das colônias, os insetos terão uma redução de até 18% nas zonas cafeeiras, dizem os autores de um estudo publicado no periódico Nature Climate Change na segunda-feira. Isso significa que os produtores podem manter alguma produtividade em suas áreas aumentando a variedade de abelhas. Mais fácil dito do que feito, mas, pelo café, todo esforço vale a pena. Leia a nossa matéria.

Me dá um Geddel aí!

Já pensou no que daria para fazer com os R$ 51 milhões que o ex-ministro fofinho de Temer malocou naquela apartamento em Salvador? Nós pensamos em algumas coisas. O suposto dinheiro de propina de Geddel pagaria coisas incríveis, como uma década de monitoramento da Amazônia por satélites, um ano de fiscalização do Ibama ou três anos e meio de orçamento do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas). A relação, obviamente não exaustiva, você encontra aqui.

Antes da próxima tempestade

Agora que o furacão Irma passou e todo mundo viu o estrago que ele fez no país mais rico do mundo, pense por um momento em lugares pobres como a ilha de Barbuda, que perdeu 95% de suas construções. O diretor de Clima da ONG Christian Aid, Mohamed Adow, afirma em artigo que não é possível se adaptar a eventos como Irma, e alertou para a urgência de tratar o tema de perdas e danos na COP23, a conferência do clima que será presidida por Fiji em novembro.

Feliz Dia do “Serrado”

O bioma mais vilipendiado do Brasil, o cerrado (“tão ruim que até as árvores são tortas”, nas palavras de um ex-presidente), comemorou seu dia na última segunda-feira. Um conjunto de organizações da sociedade civil, entre elas o OC, lançou um manifesto convocando o setor privado a zerar o desmatamento na savana mais biodiversa do mundo. Há mais de uma década o cerrado sustenta taxas de desmatamento mais altas que as da Amazônia, e neste ritmo não vai sobrar muito do bioma para contar a história. Leia aqui.

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