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Opinião: Brasil deveria assinar a Declaração de Nova Iorque

Artigo de Maria Cecília Wey de Brito, CEO do WWF-Brasil

10.12.2014 - Atualizado 11.03.2024 às 08:25 |

Durante a Cúpula do Clima convocada pela ONU no início desta semana em Nova Iorque, o Brasil surpreendeu, não por apresentar avanços na sua política de mudanças climáticas ou mesmo medidas que pudessem ampliar o controle do desmatamento no país para além das fronteiras Amazônicas. O país foi notícia em todo o mundo justamente por não aderir a uma importante declaração que prevê reduzir pela metade o desmatamento até 2020 e zerá-lo até 2030. Preferiu ficar de fora e esquivou-se de modo canhestro.

WWF entende que o Brasil deveria, sim, assinar a Declaração de Nova Iorque e juntar-se a essa iniciativa que teve o endosso de nada menos do que 32 países. Três estados brasileiros aderiram à iniciativa: Amazonas, Acre e Amapá. Além destes, o documento foi firmado por 35 grandes empresas, entre elas a Cargill, Kellogg’s, Procter & Gamble, Unilever e L’Óreal, além de 16 comunidades indígenas e 45 entidades civis, incluindo o WWF. Não só assinamos, como participamos ativamente da elaboração do documento.

Compreendemos que o Brasil, em seu discurso para justificar a ausência no acordo, tenha procurado remeter-se à sua legislação interna ao ficar de fora do acordo. Entretanto, para o WWF-Brasil, esse argumento não faz sentido para o maior detentor de floresta tropical do mundo e para um governo que é referência internacional por ter conseguido controlar o desmatamento na Amazônia. E mesmo porque em seu Plano Nacional de Mudanças Climáticas, o país se propôs eliminar a perda líquida de floresta nativa até 2015.

Além disso, vários países signatários da declaração têm legislação autorizando desmatamentos em certos casos, além de muitos deles terem altas taxas de desmate e forte dependência das florestas para seu crescimento.

O Brasil não pode perder essa chance de seguir na liderança dos temas relacionados a floresta e clima, e se posicionar na vanguarda desse assunto nos fóruns internacionais. Ainda há tempo de voltar atrás e rever sua posição. A Declaração de Nova Iorque segue aberta para adesão até as vésperas da Conferência do Clima de Paris, em dezembro de 2015, quando se espera que os países assumam em conjunto medidas concretas para conter as emissões de gases de efeito estufa – incluindo, esperamos, o desmatamento líquido zero. Até lá, esperamos que o Brasil reveja sua posição.

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