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Recuperação da camada de ozônio também freia aquecimento, diz estudo

Relatório de painel de especialistas da ONU aponta recuperação completa da camada de ozônio em quatro décadas; processo de proteção da atmosfera pode evitar 0,5ºC de aquecimento até 2100

10.01.2023 - Atualizado 11.03.2024 às 08:30 |

O banimento de produtos químicos destrutivos da camada de ozônio está produzindo bons resultados também na mitigação de mudanças climáticas, aponta relatório de painel de especialistas lançado pela ONU nesta segunda (9). Segundo o estudo, em quatro décadas a camada de ozônio deverá estar totalmente recuperada, sem os conhecidos “buracos” que prejudicam sua função de filtrar os raios ultravioletas emitidos pelo sol, caso as políticas atuais sejam mantidas.

O relatório, apresentado na 103ª reunião anual da Sociedade Meteorológica Americana, é produzido a cada quatro anos e faz parte dos esforços de avaliação científica do Protocolo de Montreal. Em vigor desde 1989 e hoje assinado por 197 países, o tratado internacional estabeleceu a progressiva redução da produção e do consumo de substâncias que destroem a camada de ozônio, até sua eliminação. O Brasil aderiu ao protocolo em 1990. 

O estudo lançado nesta semana confirmou que aproximadamente 99% dessas substâncias já foram eliminadas. Se as atuais políticas de controle forem mantidas, no ano de 2066 a camada de ozônio recuperará o tamanho que tinha em 1980 (antes de os buracos serem descobertos) na região acima da Antártida. Antes disso, por volta de 2045, estará recomposta acima do Ártico e, em 2040, nas demais regiões do planeta.  

Segundo os cientistas, o Protocolo de Montreal atingiu seus objetivos de recuperação da camada de ozônio e diminuição da exposição humana aos efeitos nocivos dos raios ultravioletas, além de colaborar com a mitigação das mudanças climáticas

Ações diminuem o aquecimento 

O relatório destaca que novos estudos confirmam que a redução nas emissões de substâncias que destroem a camada de ozônio, como previsto pelo acordo, evita entre 0,5ºC e 1ºC de aquecimento até 2050, na comparação com um cenário extremo em que as emissões dessas substâncias aumentassem de 3% a 3,5% ao ano. 

Além disso, estima-se que o cumprimento da chamada Emenda de Kigali — uma adição ao tratado feito em 2016 — possa evitar entre 0,3 e 0,5ºC de aquecimento no planeta até 2100. A emenda exige a redução progressiva, até 2045, da produção e consumo de outras substâncias, os hidrofluorcarbonetos (HFCs), que são gases de efeito estufa e não estavam previstos na primeira versão do acordo. As substâncias, apesar de não causarem dano direto à camada de ozônio, impactam fortemente o clima e vinham sendo muito utilizadas em substituição àquelas que haviam sido banidas pelo Protocolo de Montreal. 

“A ação para o ozônio estabelece um precedente para a ação climática. Nosso sucesso em banir produtos químicos mostra o que pode e deve ser feito, em caráter de urgência, para a transição dos combustíveis fósseis, redução dos gases de efeito estufa e controle do aumento da temperatura”, declarou Petteri Taalas, secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM).

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