Amazônia (Foto: Claudio Angelo/OC)

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Alertas de desmate na Amazônia caem 7,4% em 2023

Julho tem queda de 66% e é o segundo menor da série do sistema Deter-B, do Inpe; Cerrado tem alta de 16,5% no ano.

03.08.2023 - Atualizado 11.03.2024 às 08:31 |

PRESS RELEASE

Quando o governo trabalha, o crime não descansa. Os alertas de desmatamento na Amazônia em julho tiveram uma queda de 66%, mostram dados do sistema Deter, do Inpe, divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente. É a segunda menor área de alertas já registrada na atual série histórica do Deter, iniciada em 2015. A forte redução do ritmo das motosserras levou a uma queda de 7,4% nos alertas no ano de 2023, que abre a possibilidade de uma redução na taxa de devastação da floresta no primeiro ano do governo Lula.

O Deter mostrou que, em julho, foram derrubados 500 km2 de floresta na Amazônia, contra 1.487 km2 em julho do ano passado. Antes do governo Bolsonaro, o desmatamento em julho nunca havia ultrapassado 739 km2 na série desse sistema. De agosto de 2022 a julho de 2023, a área de alertas foi de 7.952 km2 contra 8.590 km2 no mesmo período de 2021 a 2022.

O sistema Deter monitora a destruição da Amazônia em tempo quase real, usando imagens de satélites. A informação é rápida para ajudar a fiscalização do Ibama, mas é menos acurada que os dados do Prodes, o sistema que uma vez por ano mede a taxa oficial de desmatamento. Os dados de ambos os sistemas são apurados de agosto de um ano a julho do ano seguinte. A série de 2023, portanto, foi fechada no último dia 31.

Devido às diferenças entre o Prodes e o Deter, não é possível saber se haverá redução na estimativa oficial de desmatamento de 2023, a ser divulgada em novembro. Mas o número de julho surpreende: o desmatamento acelerado no segundo semestre de 2022, final do governo Bolsonaro, tornava extremamente difícil uma queda na taxa de 2023. Isso já está no horizonte.

“O dado mostra que a Amazônia vive de expectativa. Quando você tinha o governo federal defendendo grileiro, chamando madeireiro ilegal de cidadão de bem e atacando indígena, o sinal da ponta era de que toda a destruição seria premiada. Agora o crime entendeu que o cenário mudou e que infratores serão apanhados e punidos. Isso impacta diretamente o desmatamento”, disse Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima. “A estrutura do Ibama não mudou, a legislação não mudou, ninguém inventou nenhuma ferramenta nova. A única coisa que mudou foi a determinação de cumprir a lei.”

No Cerrado, porém, a ação do governo foi incapaz de conter o surto de desmatamento: o bioma mais rapidamente destruído do Brasil teve novo aumento no último período e superior ao do ano anterior (6.359 km2 contra 5.458 km2).

Em julho, o aumento foi de 26%. Isso se deveu à grande quantidade de autorizações de desmatamento emitidas pelos governos estaduais, sobretudo o da Bahia, estado campeão de devastação do bioma. Diferentemente da Amazônia, onde o Código Florestal só autoriza o desmatamento de 20% de uma propriedade rural, no Cerrado o limite é de 80%.

“Era de esperar o aumento do desmatamento do Cerrado neste ano, reforçado pela baixa proteção que a legislação florestal brasileira lhe confere e pelo grande número de autorizações de desmate que vêm sendo emitidas pelos estados”, diz Guilherme Eidt, coordenador de advocacy do ISPN (Instituto Sociedade, População e Natureza). “Os esforços do governo federal para aumentar o comando e controle do desmatamento na região demandarão forte diálogo, maior integração e transparência dos dados e, necessariamente, um mecanismo para verificação de conformidade das autorizações de supressão de vegetação, para coibir as irregularidades na atuação dos órgãos ambientais estaduais.”

Sobre o Observatório do Clima – Fundado em 2002, é a principal rede da sociedade civil brasileira sobre a agenda climática, com mais de 90 organizações integrantes, entre ONGs ambientalistas, institutos de pesquisa e movimentos sociais. Seu objetivo é ajudar a construir um Brasil descarbonizado, igualitário, próspero e sustentável, na luta contra a crise climática. Desde 2013 o OC publica o SEEG, a estimativa anual das emissões de gases de efeito estufa do Brasil.

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