Furacão Harvey chega ao Texas, em imagem de satélite da Nasa

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Ciclones estão mais lentos e vão causar mais estragos, revela estudo

Poder de destruição aumenta junto com a capacidade de acumular água, até 10% maior a cada um grau que acrescentamos à temperatura da Terra

06.06.2018 - Atualizado 11.03.2024 às 08:28 |

Os ciclones estão se deslocando mais lentamente, revela um estudo divulgado hoje pela revista científica Nature. Eles perderam 10% da velocidade nos últimos 70 anos, o que significa que podem ficar estacionados sobre determinada região, despejando cada vez mais água por onde passam e causando mais mortes e destruição.

Os pesquisadores suspeitam que a lentidão dos furacões e ciclones tenha uma relação direta com o aumento da temperatura da atmosfera. As tempestades que viajavam a uma média de 19 quilômetros por hora em 1949, agora viajam a uma velocidade média de 17 quilômetros por hora (2016). Em algumas regiões como o Pacífico Norte e o Atlântico Norte a velocidade de deslocamento caiu até 30%.

De acordo com James Kossin, principal autor do estudo e cientista da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA), a lentidão no deslocamento ainda tem gerado um ganho de 10% de água no ciclone a cada novo grau de temperatura que acrescentamos à média global. “O Harvey (2017) ficou parado no Texas despejando uma quantidade brutal de água”, disse Kossin.

Harvey foi o primeiro superfuracão da temporada de 2017, a mais intensa de que se tem registro no Caribe em toda a história, com dez furacões. Em 24 de agosto ele se transformou em um furacão de categoria 4, que ficou dias estacionado sobre o Texas e lançou 1.500 milímetros de chuva sobre algumas regiões do Estado em menos de uma semana (para comparação, na cidade de São Paulo chove 1.600 milímetros em um ano).

Para que um ciclone se forme, é preciso que a temperatura da água do mar seja igual ou superior a 26oC. Em agosto de 2017, antes de Harvey nascer, a água do Golfo estava a 30oC, e o teor de calor nos primeiros 160 metros da superfície oceânica era o mais alto da história, afirmam Kevin Trenberth, da Universidade do Colorado, e colegas.

Furacões tiram seu “combustível” da água quente do mar nos trópicos. O ar úmido com a água evaporada forma as nuvens de tempestade que compõem o ciclone tropical. Quanto mais quente a água, maior o poder de um furacão. Daí os cientistas acumularem cada vez mais pistas de que o aquecimento global está intimamente ligado à intensidade dessas tormentas.

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