A secretária-executiva da Convenção do Clima, Christiana Figueres (centro) e o chanceler Laurent Fabius (direita) comemoram a adoção do Acordo de Paris

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Cumprir Acordo de Paris poupa US$ 20 trilhões, diz estudo

Grupo relaciona evolução do PIB às mudanças de temperatura e conclui que evitar os piores efeitos das mudanças climáticas é mais vantajoso financeiramente do que remediá-los

24.05.2018 - Atualizado 11.03.2024 às 08:28 |

DO OC – A economia global se beneficiaria muito de uma limitação do aquecimento global segundo a meta mais ambiciosa do Acordo de Paris, sugere um estudo publicado hoje pela revista científica Nature. Segundo seus autores, manter a temperatura no limite de segurança de 1,5oC em vez de “menos de 2oC” pouparia US$ 20 trilhões das principais nações do planeta até o fim do século.

Em comparação com o aquecimento de 2°C, manter a temperatura em 1,5°C poderia poupar entre 12% e 18% do PIB da Alemanha, até 30% do PIB russo e ainda beneficiar 90% da população mundial, incluindo cidadãos das três primeiras economias mundiais: Estados Unidos, China e Japão. Se nada for feito para conter a emissão de gases de efeito estufa, no entanto, a riqueza global pode ser reduzida em mais de 10% até 2100.

A mensagem mais explícita do estudo é que as mudanças climáticas vão custar mais ao planeta do que os investimentos para reduzir a emissão de gases de efeito estufa – pelo menos dois terços de todos os países do mundo se beneficiariam de uma proteção climática mais rigorosa. Além disso, as regiões mais pobres do mundo seriam as mais favorecidas com a medida, já que mesmo com uma pequena redução no aquecimento, o PIB per capita aumentaria significativamente.

Já faz 12 anos que a primeira análise econômica relacionando ação climática a benefícios pecuniários foi publicada. O chamado Relatório Stern, de autoria do então economista-chefe do Reino Unido, Sir Nicholas Stern, ajudou a botar o assunto na cabeça dos tomadores de decisão financeiros.

O novo estudo, porém, foi a primeira grande análise que relacionou o PIB dos países às mudanças de temperatura ao longo dos últimos 50 anos, incluindo projeções do impacto econômico para os cenários climáticos mais prováveis. “O Acordo de Paris foi assinado sem que soubéssemos das consequências econômicas de cada etapa aquecimento global e isso gerou um grande problema ao longo dos últimos anos”, disse Marshall Burke, da Universidade Stanford (EUA), principal autor do estudo. Segundo ele, sem os dados de prejuízo estimados, os negacionistas do clima e os críticos do Acordo de Paris aproveitaram para reforçar o discurso de que reduzir as emissões custaria muito caro e não valeria a pena.

Burke ainda destacou que as previsões realizadas pela equipe são conservadoras e subestimam o custo do aquecimento global em situações de mudanças catastróficas como o derretimento mais rápido do que o previsto da Groenlândia e do gelo da Antártida, além de eventos climáticos extremos mais frequentes como ondas de calor e inundações.

Pela primeira vez de forma mais ampla, os pesquisadores combinaram evidências históricas a projeções climáticas e socioeconômicas para estimar os benefícios de conter a emissão de gases de efeito estufa, assim como os prejuízos de elevar a temperatura do planeta além de patamares considerados seguros pelos cientistas.

Os cálculos foram feitos combinando dados de desenvolvimento econômico de 165 países no período de 1960 a 2010, temperatura em todo o mundo e comportamento climático. Assim, foi possível analisar como a produção econômica oscila em cada região de acordo com o aumento da temperatura ao longo da história e projetar as próximas décadas.

Recentemente, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) calculou que cumprir a meta de limitar o aquecimento a menos de 2oC criaria 18 milhões de novos empregos em todo o mundo. Poucos dias atrás, estudos científicos sugeriram que um aquecimento de 1,5°C afetaria apenas 16% da população mundial, em comparação com 29% para 2°C.

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