México puxa fila de emergentes e registra compromisso para acordo de Paris
País promete reduzir 25% de suas emissões até 2030
O México tornou-se no sábado (28/03) o primeiro país em desenvolvimento a registrar junto às Nações Unidas sua proposta de contribuição nacionalmente determinada (INDC) para o acordo do clima de Paris. O registro cumpre o convite da ONU para que todos os maiores emissores do planeta registrassem sua meta até o fim do primeiro trimestre de 2015.
A INDC mexicana se propõe a reduzir, até 2030, 22% de seus gases de efeito estufa em relação ao que emitiria se nada fosse feito. Nesse cenário, as emissões absolutas mexicanas sobem até 2026 e passam a declinar daí em diante. O país chegaria a 2030 emitindo 973 milhões de toneladas de CO2 e outros gases na ausência de novas medidas. Com a proposta, deverá chegar a 762 milhões de toneladas.
Os mexicanos também inovaram ao incluir o chamado carbono negro (fuligem) na meta. Produzido em processos de combustão pouco eficientes, esse poluente tem vida curta na atmosfera, mas ajuda a reter o calor. O México se propôs a cortar 51% das emissões de carbono negro, o que, somado aos gases-estufa, eleva o compromisso de mitigação para 25% (829 milhões de toneladas de gases-estufa e carbono negro, contra 1,11 bilhão de toneladas no cenário tendencial).
O país latino-americano também adotou uma série de outros compromissos em redução de emissões e adaptação, além de uma legislação nacional abrangente sobre o tema, aprovada em 2014. Um desses compromissos – no qual o Brasil deveria se inspirar – foi o de reduzir o desmatamento a zero até 2030.
A INDC afirma, ainda, que a redução global mexicana pode aumentar na negociação do acordo de Paris, chegando a 40% se o tratado for ambicioso e contiver medidas como um preço de carbono, taxas de fronteira para produtos intensivos em CO2 e transferência de tecnologia.
“Os mexicanos dão uma sinalização positiva para o clima, em especial ao propor uma meta condicional mais ambiciosa e ao reafirmar seu compromisso com o desmatamento zero. Mostram que ainda se mantêm fiéis ao espírito da conferência de Cancún, em 2010, quando sua liderança foi fundamental para salvar as negociações internacionais do clima”, afirmou Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima. “No entanto, se formos considerar apenas equidade e o que é necessário para manter o aquecimento na meta de menos de 2oC neste século, o compromisso é menos do que o que o México deveria fazer.”
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